Como a pandemia afetou a dinâmica do Comércio Internacional

Por: Bruna de Sá Madureira

Contexto

A pandemia do COVID-19 afetou as operações de comércio internacional da grande maioria dos países do mundo, sobretudo por conta das paralisações comerciais adotadas em prol do combate ao coronavírus. No Brasil, essas paralisações resultaram no fechamento recorde de empresas comerciais: entre 2019 e 2020 houve uma queda de 7,4% no número de estabelecimentos, o que representou o fechamento de 106.560 destes. No fim do primeiro ano de pandemia, o número de companhias de comércio brasileiras passaram de 1,446 milhão para apenas 1,339 milhão. Nos Estados Unidos, houve uma diminuição no número de exportações: de US$ 162 bilhões em março de 2020 para 90,7 bilhões em maio.

Comex antes e após a pandemia

A dinâmica comercial internacional nas últimas três décadas pode ser caracterizada pela fragmentação produtiva. Diversos países se associam a uma rede de cooperação de partilha produtiva em que cada um se especializa em uma ou algumas etapas da produção. O livre comércio é um grande contribuidor dessa estrutura que caracteriza as chamadas Cadeias Globais de Valor (CGVs). O processo de globalização influenciou a construção desse sistema produtivo global ao incentivar o desenvolvimento de redes de empresas em escala regional e global em detrimento da produção restrita ao ambiente nacional.

Entretanto, as CGVs têm apresentado uma desaceleração em certa medida. Isso por conta do crescimento da importância de tecnologias como a robótica, automação, 3G e inteligência artificial, as quais tendem a desencorajar essas cadeias. Nesse sentido, com a pandemia do coronavírus, a crise das CGVs tende a impulsionar ainda mais as estruturas internas de produção, o que delimita uma nova tendência da produção global.

O contexto pandêmico, portanto, dificulta a manutenção de redes produtivas internacionais. A cadeia logística internacional sofreu sobretudo com o sucateamento de navios, com a diminuição dos fluxos de transporte aéreo e marítimo, com o encarecimento do processo logístico e com a redução da capacidade aduaneira de alguns países. Esses fatores aumentaram os valores de fretes e atrasaram as operações por conta do funcionamento reduzido, o que gerou, por exemplo, a crise de contêineres. Isso demonstra a necessidade de reinvenção de gestores de comércio exterior e despachantes aduaneiros.

Posto o contexto de reorganização das CGVs com a pandemia, a posição do Brasil dentro dessas cadeias é fraca. Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre 2001 e 2020, a participação do país em soja, minérios e petróleo bruto aumentou de 11% para 35%. Porém, o Brasil não tem um desempenho tão satisfatório em relação à integração comercial global como ocorre com sua receita em exportação. Sua posição nesse contexto está mais relacionada à hospedagem de multinacionais de setores tecnológicos como automóveis e eletrônicos.

Principais mudanças na dinâmica de comércio

As principais mudanças nas dinâmicas produtivas globais com a crise do COVID-19 estão relacionadas à tributação, burocracia, infraestrutura logística e falta de parceiros especializados. Primeiro, com o aumento de entraves burocráticos, o cumprimento de formalidades alfandegárias e regras de controle de importação e exportação pode ser dificultado, o que demonstra a necessidade de empresas estarem atentas a tais regras. A Expori Jr. FGV auxilia pequenas e médias empresas nesse processo a partir da produção de serviços burocráticos personalizados.

Segundo, a maior flutuação de taxas de câmbio com a crise pandêmica registra outra mudança no processo de comércio internacional considerando o agravamento da complexidade tributária. Terceiro, as paralisações comerciais resultaram em mudanças na infraestrutura logística do comércio, o que pode atrasar entregas e o transporte de produtos. A Expori Jr. FGV auxilia empresas em relação a esses dois aspectos. Com a produção de análises de mercado internacionais, oferecemos análises macroeconômicas e análises logísticas relacionadas a países de interesse dos nossos clientes.

Por fim, a falta de parceiros especializados que tenham informações específicas sobre compradores, fornecedores, produtos, e a capacidade de entrega ou venda local foi ainda mais dificultada pelo contexto pandêmico. Para essa problemática, a Expori Jr. FGV produz análises concorrenciais - que discorrem sobretudo sobre os principais concorrentes de um mercado em um país específico - e listas de compradores - que fornecem dados relevantes sobre as principais possíveis redes de venda de produtos e distribuidores.

Referências bibliográficas:

Agências. (2022, agosto 17). IBGE: 1o ano da pandemia gerou recorde de fechamento de empresas comerciais. O Tempo. Disponível em: <https://www.otempo.com.br/economia/ibge-1-ano-da-pandemia-gerou-recorde-de-fechamento-de-empresas-comerciais-1.2717795>. Acesso em: 18/12/2022.

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